terça-feira, 14 de abril de 2015

Meu Querido Primeiro Dia...

Ontem, dia 13 de Abril de 2015, foi o meu primeiro dia de atividade em escola pelo PIBID. Com certeza não poderia ter sido melhor.
Por não conhecer a região do Uruguai, acordei 4 horas da manhã para compreender essa viagem de casa para a Escola Almerinda Costa sem muitas surpresas. Tomei um café reforçado, escolhi uma roupa agradável aos padrões de vestimenta de espaços sociais desse sistema e fui amar...
Era uma manhã de Sol. Cheguei na Escola antes mesmo do vigia Valter chegar, meio que abri a escola, senti um ambiente agradável e eu e Valter conversamos bastante até a chegada do professor Marcus.
O professor Marcus me levou pra conhecer os espaços da escola e depois fomos conhecer o espaço da aula de música. As aulas de música acontecem na sala de informática da Escola, por ser um ambiente mais fechado, não atrapalhando o andamento das demais aulas ao entorno.


Eu e o professor conversamos um pouco, momento em que ele pôde me explicar um pouco sobre a dinâmica da escola e da aula e trocar experiências profissionais na educação e na carreira artística em geral.
A aula era pra ser iniciada às 7:30h, porém, a primeira turma, das(os) alunas(os) do 5º ano, só chegou por volta das 8h e muito agitada. Começamos a fazer uma dinâmica de apresentação onde uma bola passava de mão em mão enquanto o professor Marcus tocava e cantava uma música, quando a música parava, na mão de quem ficou a bola a pessoa teria que responder duas perguntinhas básicas: Qual é o seu nome?; Qual música, gênero musical ou cantor(a) você mais gosta? A maioria das respostas referiu-se a cantora Anita, de funk, da banda Bailão do Robissão ou do cantor Luan Santana. Algumas pessoas optaram por não responder a segunda pergunta, o que me levou a acreditar que estavam tímidas por toda pressão que a turma fazia quando havia um gosto musical diferente.
A dinâmica funcionou quanto apresentação, contudo, percebi que a turma tem uma energia muito grande e se dispersa com muita facilidade, o que tornou a dinâmica densa, amarrada, chegando a haver momentos sérios de conversa do professor Marcus com as(os) alunas(os). As piadinhas eram frequentes, assim como a gritaria, realmente uma turma difícil de lidar, contudo, sinceramente, à primeira vista, eu amei a turma. Percebi que na turma tem muitos olhares bons, o que fazem é reproduzir o que nós, condicionados a toda repressão consumista, fazemos diariamente, mas os olhares, os sorrisos, dizem muito mais e além. Próximo ao professor ficaram os tímidos, inclusive tem um que eu descobri que é o filho de algum(a) professor(a) da escola, no fundo da sala ficaram os mais agitados. Teve uma menina do fundo que me chamou a atenção por, apesar de participar da gritaria ela participava de todas as atividades com foco e um largo sorriso no rosto. Em um momento o professor Marcus tentou acalmar a turma pedindo que todas(os) fechassem os olhos e apreciassem uma melodia tocada pelo mesmo com uma flauta doce, percebi um certo respeito à música de muitos, mas as brincadeiras de dispersão falavam mais alto. Por fim, cantamos a canção “Peixe Vivo” oralmente e corporalmente, o que foi muito divertido para todas(os), mas o que a turma ainda não sabe, porque não deu tempo de falar pelo fato do horário da aula ter terminado, é que a “dancinha” que fizeram em conjunto com as palavras cantadas foi, na verdade, a comunicação através da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). E a última imagem que tenho de mim, do professor Marcus e das(os) alunas(os) daquele horário é a de belos sorrisos e gargalhadas de alegria.
O que eu traria de reflexão dessa turma é talvez pudéssemos criar ritmos distintos no início e no fim da aula: no início poderia ocorrer apreciação musical, canto, ou algo que traga um relaxamento, e do meio pro final da aula explodia com as atividades mais dinâmicas, pra todo mundo sair com um gostinho de quero mais.
A segunda turma a entrar foi o 4º ano. Logo quando a turma chegou senti um clima de carinho e fofurísse no ar quando algumas garotinhas foram falando em tom animador “Professor!” e dando um abraço gostoso no professor Marcus, momento em que também me senti abraçado ao contemplar tamanha verdade. Essa foi uma turma bem tranquila de trabalhar, bem focada, a não ser por um menino que aparentava ser mais velho do que a maioria. Nessa aula uma professora da casa foi acompanhar a aula, como de costume, segundo o professor Marcus, ela era bem respeitada pelas(os) alunos e organizava bastante as dispersões por mais pequenas que fossem. Ela acabou tirando da sala o menino que brincava bastante e dispersava a turma, o que me deixou meio pensativo se aquela era a melhor solução. Cheguei a falar isso com o professor Marcus, ele me explicou a importância daquela atitude, compreendi, mas, mesmo assim, ainda fiquei pensando: “será que essa é mesmo a melhor opção?”, talvez porque eu ainda tenha esse ideal teórico de trabalho em escola bem gritante.
Continuando as atividades na turma do 4º ano, fizemos atividades parecidas com a anterior e fluíram muito mais. Na pergunta de que música cada um(a) gostava a maioria da turma falou “Garota de Ipanema”, e todas(os) sabiam cantar boa parte, tanto que cantamos juntas(os), assim entendi que aquela música já vinha sendo trabalhada em sala de aula pelo professor. O canto nessa turma é algo que pode ser bem trabalhado, as expressões e interpretações são ótimas, todas(os) cantam lindamente.
A terceira turma a chegar foi a do 3º ano. Tuma pequena, o que tornou a aula mais rápida, porém, as(os) poucas(os) alunos faziam um barulho considerável, mas participavam bastante. Tem um menino da turma que sentou do lado do professor e todo instrumento que aparecia ele cutucava pedindo pra tocar. Acabamos cedendo e deixando um bom espaço da aula para que tocassem alguns instrumentos.
Nessa turma teve algo que me causou certa reflexão enquanto docente. Dois meninos bem agitados que estavam na frente começaram a achar bem engraçado o meu cavanhaque e o meu bigode, talvez por ser diferente do que estão acostumados a ver no dia-a-dia. Isso acabou dispersando bastante a atividade de canto da canção “Peixe Vivo”. Acabou que no ambiente se instaurou uma gargalhada coletiva, o professor Marcus parecia não compreender bem o porque das gargalhas, mas entrou no clima. Os meninos começaram a me inventar apelido, chamando de “bigode grosso” e um tal de “Comendador” que é de alguma novela. Sinceramente, não tenho problema algum com apelidos e brincadeiras do tipo, mas me perguntei se eu tinha que cortar aquilo enquanto docente ou deixar rolar. Eu acredito que deva cortar, não que isso vá me armar de um dito respeito ao professor, mas porque vejo que se eu continuar permitindo que apelidem o diferente a eles, que no caso sou eu, estarei incentivando a prática do bullying. E vocês? O que acham disso? O que fariam?
A última turma do dia foi a junção do 1º ano com a G5. Fomos acompanhados por três professoras que cuidam das turmas. Foi bem legal ter visto a alegria infantil, a espontaneidade, a alegria. A dinâmica dessa turma é a mais diferente de todas, incluindo historinhas bem divertidas.
Realmente esse foi o meu querido primeiro dia. Me diverti muito, sorri muito, consegui interagir bastante com o professor, as turmas, as professoras, a escola como um todo. Só tenho a agradecer à todas(os) por essa experiência e que ainda tem muitas águas pra rolar.
Esse primeiro diário decidi fazer bem longo por realmente ser o primeiro e, portanto, à primeira vista registrada me trará um campo comparativo futuro bem rico para que possa refletir e amadurecer cada vez mais.


Axé!

3 comentários:

  1. Olá Jonatan,
    A Almerinda é realmente um lugar muito especial, apesar do espaço reduzido amor é o que não falta. Claro que algumas vezes é impossível conter a energia das crianças, meu conselho (se me permite) é que vcs aproveitem esses momentos para criar algo interessante juntos... Quanto ao bigode, não acredito que vc deveria cortar, aproveite para falar de diversidade e que a beleza está na diferença! Com certeza será uma conversa bem legal, as crianças sempre nos surpreendem :D
    Ah, seja muito bem-vindo!!!!!

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  2. Que linda estreia, Jonatan!!!

    O seu relato me fez lembrar Rubens Alves. No texto O Olhar do Professor ele diz:

    - "Professor: trate de prestar atenção ao seu olhar. Ele é mais importante que os seus planos de aula. O olhar tem o poder de despertar ou, pelo contrário, de intimidar a inteligência. O seu olhar tem um poder mágico!"

    Você tem esse olhar sensível e otimista, capaz de ver o que há de melhor nos outros, enxergando muito além das aparências. Continue assim!

    P.S.: O texto completo está disponível em:
    https://contadoresdestorias.wordpress.com/2012/02/19/o-olhar-do-professor-rubem-alves/

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    1. Muito obrigado pelo comentário, Pró Mara. Já li o texto completo e, verdadeiramente, me emocione, Fiquei reflexivo, estou reflexivo...

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