Escola Almerinda Costa
Bolsista Jonatan S. de Oliveira
Data: 10/06/2015
Esse não foi o dia da semana que normalmente vou pras aulas
da Almerinda Costa, o que causou uma surpresa pra algumas crianças, vi muitos
sorrisos no rosto ao me ver, o que me deixa muito animado em ver que as
relações vêm se firmando.
Um dia antes dessa aula eu e o professor Marcos conversamos
ao telefone sobre a dinâmica da aula, momento em que acabei relatando ao
professor uma observação minha de que a ideia do triangulo no baião e parecida
com o do agogô no candomblé, assim como a ideia da zabumba lembra a do rum
(atabaque maior) também no candomblé, o que foi recebido como muita atenção
pelo professor que propôs que eu fizesse essa ligação dos toques na aula.
Iniciamos a aula bem focados no ensaio de São João, visando
já criar o formato de apresentação. Inicialmente falei e demonstrei os toques
nos instrumentos do baião e no candomblé (ijexá), algumas crianças logo deram
risada e falaram “candomblé”, felizmente não houve nenhuma atitude
preconceituosa das crianças, questão que eu já estava preparado pra receber por
saber e vivenciar a perseguição que há a essa religião e a tudo que vem tudo
povo negro como um todo.
Iniciamos o ensaio com o triangulo na turma e o canto. Foi
muito bom ter visto o avanço desde a última aula. Tem um garotinho na turma que
é muito bom nos instrumentos e no canto, além de se dedicar bastante nas aulas.
A aula terminou com a turma fazendo o formato de coro e apresentando a
música. Essa turma foi muito tranquila
nesse dia de aula com instrumento, o que se repetiu na maioria das outras
turmas.
A segunda turma, 4º ano, a turma com maior número de alunos,
chegou bem disposta pra aula, mais calma do quê na última aula que estive, mas
com o mesmo problema da menina da última aula que é abusada com palavras que
ofensivas. Talvez tenha que ficar mais de olho nessas pessoas que a abusam para
começar a chamar a atenção mais diretamente sobre o bullying e se não der certo
passar o nome pra Marcos encaminhar pra diretoria. Conseguimos fazer muita
coisa nessa turma, o ensaio foi ótimo, a turma toda conseguiu participar, até
uma garotinha mais tímida que é nova na escola conseguiu interagir quando
sentei do lado dela pra cantar com ela, elogiei-a pela dedicação, ela abriu um
sorriso que eu nunca tinha visto no rosto dela e ficou mais animada nos toques.
No final fizemos uma brincadeira criando grupos com tocadores e cantores para
competirem, o que já gerou um ânimo geral e a competição aconteceu com grande
empenho de todas (os), no final todos os grupos cantaram juntos. Essa foi uma
sacada do professor Marcos, que repetiu-se nas outras turmas com grande
sucesso.
Na terceira turma, 3º ano, fizemos a mesma dinâmica, e algo
foi ficando mais claro pra mim no toque do triangulo das crianças, apesar de eu
dar um toque bem simples que todo mundo conseguia pegar com somente dois
movimentos, as turmas encaminhavam-se para um toque próprio, que imitava um
pouco o da zabumba, mesmo sem a gente ter zambumba em sala, talvez seja algo já
internalizado pelo dia-a-dia rodeado de música que vivemos, acabei deixando-as
livres para explorarem o toque delas, pelo menos os sons básicos foram
compreendidos e a ideia rítmica estava sendo respeitada pela maioria. Um garoto
que já venho relatando desde a minha primeira postagem até hoje estava bagunçando
um pouco na aula, mas ao mesmo tempo procurava nos ouvir e respeitar quando era
chamada a sua atenção, ele tem muita facilidade com o instrumento, mas ainda
precisa focar mais na aula, o que acho que está melhorando bastante. Fizemos
também a competição nessa turma e o grupo desse garoto foi o que ganhou. No
final o professor Marcos pediu pra que ele ficasse e conversou com ele, muito
tranquilamente, sobre o comportamento dele, o potencial dele e como ele pode
servir de exemplo para os colegas, ainda destacou que ele ganhou a competição,
que isso significa muito, mas se ele estudar mais, ter mais atenção, com
certeza vai melhorar muito mais, ele ouviu tranquilamente e disse que vai fazer
isso.
Na última turma, G5 e 1º ano, foi tranquilo o ensaio, as
professoras que sempre os acompanham estavam ajudando muito, inclusive tinha
uma que destacou uma parte de uma música que estávamos ensaiando que não
tínhamos conhecimento, o que foi muito legal que ela ensinou pra todo mundo, eu
pude tocar um pífano de bambu que tenho para que todas (os) entrassem em
contato com um novo timbre. No final fizemos o formato de apresentação que deu
muito certo. Percebi que as(os) pequenininhas(os) cantam mais afinado do que as
outra turmas, acredito que seja por está tendo a oportunidade de agora ter
contato com canto, o que provavelmente não foi a realidade dos mais velhos.
Foi um dia bem produtivo, houve um avanço muito grande nos
instrumentos e no canto, as turmas pareceram sair bem satisfeitas.
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