domingo, 21 de junho de 2015

Ensaios de S. João

Escola Almerinda Costa
Bolsista Jonatan S. de Oliveira
Data: 10/06/2015

Esse não foi o dia da semana que normalmente vou pras aulas da Almerinda Costa, o que causou uma surpresa pra algumas crianças, vi muitos sorrisos no rosto ao me ver, o que me deixa muito animado em ver que as relações vêm se firmando.
Um dia antes dessa aula eu e o professor Marcos conversamos ao telefone sobre a dinâmica da aula, momento em que acabei relatando ao professor uma observação minha de que a ideia do triangulo no baião e parecida com o do agogô no candomblé, assim como a ideia da zabumba lembra a do rum (atabaque maior) também no candomblé, o que foi recebido como muita atenção pelo professor que propôs que eu fizesse essa ligação dos toques na aula.
Iniciamos a aula bem focados no ensaio de São João, visando já criar o formato de apresentação. Inicialmente falei e demonstrei os toques nos instrumentos do baião e no candomblé (ijexá), algumas crianças logo deram risada e falaram “candomblé”, felizmente não houve nenhuma atitude preconceituosa das crianças, questão que eu já estava preparado pra receber por saber e vivenciar a perseguição que há a essa religião e a tudo que vem tudo povo negro como um todo.
Iniciamos o ensaio com o triangulo na turma e o canto. Foi muito bom ter visto o avanço desde a última aula. Tem um garotinho na turma que é muito bom nos instrumentos e no canto, além de se dedicar bastante nas aulas. A aula terminou com a turma fazendo o formato de coro e apresentando a música.  Essa turma foi muito tranquila nesse dia de aula com instrumento, o que se repetiu na maioria das outras turmas.
A segunda turma, 4º ano, a turma com maior número de alunos, chegou bem disposta pra aula, mais calma do quê na última aula que estive, mas com o mesmo problema da menina da última aula que é abusada com palavras que ofensivas. Talvez tenha que ficar mais de olho nessas pessoas que a abusam para começar a chamar a atenção mais diretamente sobre o bullying e se não der certo passar o nome pra Marcos encaminhar pra diretoria. Conseguimos fazer muita coisa nessa turma, o ensaio foi ótimo, a turma toda conseguiu participar, até uma garotinha mais tímida que é nova na escola conseguiu interagir quando sentei do lado dela pra cantar com ela, elogiei-a pela dedicação, ela abriu um sorriso que eu nunca tinha visto no rosto dela e ficou mais animada nos toques. No final fizemos uma brincadeira criando grupos com tocadores e cantores para competirem, o que já gerou um ânimo geral e a competição aconteceu com grande empenho de todas (os), no final todos os grupos cantaram juntos. Essa foi uma sacada do professor Marcos, que repetiu-se nas outras turmas com grande sucesso.
Na terceira turma, 3º ano, fizemos a mesma dinâmica, e algo foi ficando mais claro pra mim no toque do triangulo das crianças, apesar de eu dar um toque bem simples que todo mundo conseguia pegar com somente dois movimentos, as turmas encaminhavam-se para um toque próprio, que imitava um pouco o da zabumba, mesmo sem a gente ter zambumba em sala, talvez seja algo já internalizado pelo dia-a-dia rodeado de música que vivemos, acabei deixando-as livres para explorarem o toque delas, pelo menos os sons básicos foram compreendidos e a ideia rítmica estava sendo respeitada pela maioria. Um garoto que já venho relatando desde a minha primeira postagem até hoje estava bagunçando um pouco na aula, mas ao mesmo tempo procurava nos ouvir e respeitar quando era chamada a sua atenção, ele tem muita facilidade com o instrumento, mas ainda precisa focar mais na aula, o que acho que está melhorando bastante. Fizemos também a competição nessa turma e o grupo desse garoto foi o que ganhou. No final o professor Marcos pediu pra que ele ficasse e conversou com ele, muito tranquilamente, sobre o comportamento dele, o potencial dele e como ele pode servir de exemplo para os colegas, ainda destacou que ele ganhou a competição, que isso significa muito, mas se ele estudar mais, ter mais atenção, com certeza vai melhorar muito mais, ele ouviu tranquilamente e disse que vai fazer isso.
Na última turma, G5 e 1º ano, foi tranquilo o ensaio, as professoras que sempre os acompanham estavam ajudando muito, inclusive tinha uma que destacou uma parte de uma música que estávamos ensaiando que não tínhamos conhecimento, o que foi muito legal que ela ensinou pra todo mundo, eu pude tocar um pífano de bambu que tenho para que todas (os) entrassem em contato com um novo timbre. No final fizemos o formato de apresentação que deu muito certo. Percebi que as(os) pequenininhas(os) cantam mais afinado do que as outra turmas, acredito que seja por está tendo a oportunidade de agora ter contato com canto, o que provavelmente não foi a realidade dos mais velhos.

Foi um dia bem produtivo, houve um avanço muito grande nos instrumentos e no canto, as turmas pareceram sair bem satisfeitas.

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