Escola Municipal Almerinda Costa
Jonatan S. de Oliveira
03/08/2015
No dia 03 de Agosto de 2015 fui para
Almerinda Costa com dois berimbaus na mão pegando ônibus lotado. Foi uma
experiência engraçada que eu coloquei uma camisa cheia de listras marrom e
branco em saudação ao orixá do dia e nos coletivos as pessoas ficavam me
olhando toda hora, meio curiosas, disfarçavam e não paravam de olhar, acho que
tentando compreender o que eu seria com dois berimbaus pegando buzu usando aquela
roupa com cabelo e bigode diferente dos padrões. Eu as vezes me pergunto isso.
Agora imagine eu chegando em uma escola pública com essa mesma imagem pra
acompanhar um professor de música da rede pública nas aulas. Eu realmente penso
que estar atuando na educação é viver o que se fala e buscar sempre
surpreender, novidades. Conheci e conheço muitas/os professores que seguem a
política do “faça o que eu digo e não faça o que eu faço”, me pergunto “como
pode um peixe vivo viver fora da água fria”?
Eu e o professor Marcus iniciamos
o dia em busca de fazer um trabalho de ritmo de capoeira com as crianças.
Crianças do 3º ano quando viram os berimbaus ficaram muito animadas, já
imaginavam do que se tratava.
A primeira turma a chegar foi o
grupo cinco (G5) e o 1º ano. As/os pequenininhas/os ficaram bem curiosas/os com
os berimbaus, até que uma menininha perguntou: “Professor, pra quê essa vara de
pescar”, referindo-se ao berimbau. Com essa pergunta pedimos calma que já
falaríamos o que era. Depois de uns alongamentos e aquecimentos começamos a
falar da capoeira, sobre o seu contexto histórico e apresentamos os instrumentos,
as possibilidades sonoras e começamos a tocar com as mãos a base rítmica da
capoeira, depois disso começamos a fazer esse toque base no agogô, xequerê,
pandeiro e berimbau. As crianças sentiram muito dificuldade em manter o toque,
a vontade de variar também é grande entre as crianças, o que faz com que a
maioria se perca do ritmo base. Cantamos três músicas de capoeira. O trabalho
foi bem tranquilo com as crianças, bem divertido.
Na segunda turma fizemos uma
dinâmica parecida, mas tinha um rapaz que estava, como sempre, muito agitado,
querendo logo tocar. Eu acabei dando a ele o primeiro instrumento que era o
agogô, ele rejeitou alegando que queria pegar o berimbau, expliquei pra ele que
ele pegaria, mas antes tinha que começar com os menores instrumentos, ele se
recusou a ouvir e, sendo assim, passei o agogô pra menina do outro lado da
fileira. Depois esse menino foi percebendo que se pegasse antes o agogô seria o
primeiro a pegar o berimbau, então se arrependeu da atitude e aí começou a
respeitar mais a ordem. Tem outro menino que melhorou muito o seu comportamento
comparado a outras aulas que ele estava presente, isso me deixa muito animado,
porque ele está mais atento, participativo, dedicado, mas ainda tem algumas
coisas comportamentais que temos que estar chamando a atenção, mas nada demais.
Tem uma garotinha na turma que é muito inteligente e respeitada por todas/os da
turma, ela demonstra ser uma pessoa forte, ela é bem atenta, dedicada,
participativa, é muito bom os posicionamentos dela em sala. Tem um outro garoto
que é bem difícil de lidar, ele não para de brincar e debochar das coisas, é
complicado, mas a gente vai aos pouquinhos conquistando-o, acredito. Percebi
que nessa turma o desenvolvimento percussivo foi muito melhor do que na
anterior, mas quanto ao berimbau tornou-se muito complicado de trabalharem,
tanto pelo tamanho do berimbau quanto pela complexidade natural do instrumento.
1ª
É o “A”, é o “B”,
É o “A”, é o “B”, é o “C”
É o “A” de aú, é o “B” de
berimbau
É o “C” de capoeira
2ª
Domingo no Parque
(Refrão)
O rei da brincadeira (Ê José)
O rei da confusão (Ê João)
Um trabalhava na feira (Ê José)
Outro na construção (Ê João)
3ª
No sábado eu nasci,
No sábado eu nasci,
No domingo eu caminhei,
Na segunda eu aprendi a jogar
capoeira e joguei, camará
Água de beber (Ê água de beber,
camará)
Ê o mundo inteiro (Ê o mundo
inteiro, camará)
Improvisa as perguntas para a
resposta do coro.
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