quarta-feira, 22 de outubro de 2014
Será que perdemos o tom?
22 de outubro de 2014
A sensação que me deu ao me encontrar com minhas colegas Ainoan e Regiane nesta manhã foi enigmática. Algo de muito forte nos esperava na Almerinda. Senti uma vibração diferente dos outros dias. É como se a frequência de nossas mentes tivesse sido alterada de alguma forma. Entretanto guardei isto pra mim mesmo.
Tudo começou normalmente. Com os grupos menores pudemos ensaiar o repertório de Caíme e fazer as atividades de integração. Rege também levou um xilofone onde cada criança da primeira turma pôde experimentar. Tudo, aparentemente, se mantinha rotineiro.
Como o segundo grupo não compareceu, Rege e Ainoan aproveitou o tempo vago da aula e do intervalo do lanche para resolver um problema fora da escola. Enquanto isto eu e o professor Marcos ficamos conversando sobre formação e competência dos deficientes visuais.
Chega a os minutos mais críticos até então vividos nesta escola por mim e minhas colegas de programa. Minutos estes qual gera o título acima.
A desordem, a indisciplina, o desinteresse dos grupos de crianças maiores; aliados A dor de cabeça repentina em Rege, meu estado introspectivo, até aqui são os fatores que eu consigo lembrar, conduziu quatro “professores de música” ao estremo pane. Aquilo não podia estar acontecendo. Garotinhos e garotinhas conseguiram desarranjar quatro excelentes profissionais. Perdemos o domínio da classe.
Por alguns instantes lembrei-me da energia que eu sentia em nós bolsistas no começo da manhã. Será que realmente era a manifestação desta?” Tentava justificar misticamente toda aquela dissonância. Agora penso comigo, Com certeza, tudo poderia ser bem diferente se não existisse a omissão em fazer a minha parte. Mas alguém, por favor me diga, Qual é a minha parte, enquanto bolsista de um programa de iniciação a docência, enquanto uma pessoa cega que está tentando ao menos obter recursos (financeiros, humanos, material social, afetivo,espiritual...) para se manter vivo, e incluso na sociedade; enquanto aprendiz de um sistema imediatista e enquanto um educador apaixonado por cada passo firme de seus alunos sem a menor preocupação o produto final.
Sim. Perdemos o tom. Nós, educadores pela música, acabamos desistindo por um lapso de tempo de dar aula de música. Mas toda dominante tem sua tônica e acredito que a resolução desta dissonância está nas coisas boas as quais nós estagiários ainda acreditamos; O refletir nossa história, o repensar da nossa prática, o respeito aos pequenos seres em estado de aprendizagem os quais somos responsáveis, o dialogo mutuo entre educador, educando, profissionais da escola, sistema educacional, família e comunidade local.
Ao final da manhã tivemos uma curta, mas enriquecedora conversa, eu Ainoãn, Regiane, professor marcos e a pró Valéria, parceira política do nosso grupo, onde refletimos sobre todos os subtemas discorridos acima.
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Helder ...
ResponderExcluirlegal o seu relato, mas veja ... vcs fizeram muitas aulas que deram certo, muito certo, diria até. As crianças responderam, vcs se divertiram junto às crianças.
Hoje por vários motivos uma entre as aulas não deu certo, as outras me parece que sim. Mas foi uma e de vez em quando isso acontece.
É importante refletir, questionar, pensar como fazer em outra oportunidade, mas bola pra frente.
E como vc disse ... "toda dominante tem sua tônica e acredito que a resolução desta dissonância está nas coisas boas as quais nós estagiários ainda acreditamos".
Continue acreditando ... o trabalho do professor não é nada fácil e um aspecto que é preciso tb equilibrar é a cobrança que a gente tem com a gente mesmo.
Agora estou curiosa de ler a versão das suas colegas ... :)