quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Primeiras Impressões em Modalidade de Ensino EJA


Escola Municipal Metodista Susana Wesley
Salvador, 15 de agosto de 2018, quarta-feira
Turno: Noturno - EJA
Bolsista: Ivis Lois Rodrigues Oliveira
Professor/Supervisor: Luís Gustavo Fidelis


Primeiras Impressões em Modalidade de Ensino EJA


Ao chegar na Escola Municipal Metodista Susana Wesley, senti uma recepção bastante acolhedora por parte do corpo docente e dos servidores. Fomos apresentados uns aos outros pelo professor de Música, de forma que acredito propiciar a aproximação e o bem-estar deste primeiro contato em diante. A cordialidade e a transparência permearam entre todos, desde a entrada até a saída. Em geral, me sinto desconfortável e sem confiança nos primeiros contatos com 'o desconhecido'. Entretanto, compor o cenário da sala de aula pela primeira vez, enquanto futura professora de música,  foi como se a essência dos desafios fosse ali, o lugar de agora que eu sempre quis estar. Me fez perceber que é preciso ver a sala de aula, bem como a própria vida; sermos nela os agentes da mudança necessária para cada instante de oportunidade que os olhos podem enxergar.
Música ambiente e tranquila, a gosto popularmente acessível, recepcionaram a chegada dos estudantes no turno da noite, de modalidade de ensino EJA - Educação de Jovens e Adultos. Esta faz da turma um misto de perfis e de pessoas de diferentes idades, mas unidas pelo propósito de aprender, contribuir e se sentirem incluídas na sociedade. Enquanto se acomodavam e se distanciavam um pouco da vida lá fora, nós estagiárias íamos auxiliando na arrumação do necessário para a aula, ao mesmo tempo em que aprendemos o processo de  preenchimento de chamada das turmas. No caso deste dia especial, houve ausência da professora de outra turma. Então, uniu-se às duas turmas para a aula de música do Professor Luís Gustavo Fidelis, que conduziu a classe cheia com bastante propriedade. Após mais de um mês de greve dos professores da rede municipal, era a primeira aula após este cenário. E nada melhor que conectá-los a conjuntura político-educacional atual integrada à aula de música. Muitos transcreveram felizes do quadro, os versos da composição tão especial do professor que tornou significativo aquele dia.  O protesto, retratado na letra deste reggae, fez culminar na participação de todos, envoltos na interpretação instintiva da música. Todos conectados no rítmo através do canto, das palmas, no toque do cajon, no batuque das mesas, no pé, no balanço da caneta, dos canos e com movimento do corpo… Um momento de interação e conexão real naquele lugar.
Esclarecer os motivos pelos quais o conhecimento é um dever do Estado e que, lutamos porque sempre encontramos em comum, normas e direitos para se viver em coletividade, foi um motivo para entender o porquê da busca pelo reajuste salarial dentro do sistema de mudança de nível no plano de carreira docente, referente a esta greve da prefeitura. Percebi que é um tanto custoso distanciá-los das referências delituosas, frente aos diálogos que retratam protesto ou similares. No entanto, este paralelo entre a momento atual e a composição própria do professor, trouxe o tipo de reflexão que ampliou nossa compreensão sobre o entendimento social e das manifestações na educação. A canção é o recurso que trouxe e sempre poderá trazer o lugar de fala de quem é parte do cotidiano da escola pública. Trouxe a indignação sobre a ausência de repasse aos que inovam e transformam a sociedade. E em todo esse contexto, o que é ser Estudante e ser Professor.  

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