sexta-feira, 24 de abril de 2015

Escola Padre José Anchieta                           
Data: 23/04/2015
Por Síndney Borges de Oliveira


     Escola, Família e Comunidade. Qual o seu verdadeiro papel?

     Um dia antes de estar na escola (quarta-feira) fiz uma leitura cuidadosa do texto "Índio é uma invenção total, folclore puro" em entrevista ao professor doutor Daniel Munduruku, texto inclusive recomendado pela professora Flávia Candusso. O texto é interessante. Os argumentos dados pelo entrevistado em relação ao modelo de educação tradicional foi o ponto de maior reflexão. Concordo que a maneira como é moldada a educação não dá ao aluno a "compreensão real dos sentidos" como cita. Ora, se temos uma educação que "aprisiona o pensamento", como mudar essa realidade? Segundo Daniel M. não é a escola que tem que mudar. Ela também é vítima do Sistema. É a família, a comunidade, os grandes responsáveis por mudar essa realidade, mas a escola, na minha visão, tem seu importante papel social. 


    Minha proposta para esta quinta-feira era falar sobre o "negro", sobre o "índio" antes de fazer qualquer atividade prática. Na primeira turma a professora Isabela cantou a música tema do coral ensaiado por Marisa e Renato, aproveitei para propor uma sequência coreográfica com meninos e meninas em separados. Ao final fiquei refletindo como aproveitar o resultado alcançado e trazer propostas que somem ao resultado atingido.
     A distração é o maior desafio em sala de aula. Percebo que eles entendem as propostas, mas movidos pela distração acabam por não se concentrarem nas atividades. Como se as mentes delas estivessem em qualquer lugar, menos na escola. Ou seja, tudo que criança quer ser é CRIANÇA. Daniel Munduruku defende uma pedagogia onde a criança seja livre, inteira, intensa de maneira que viva essa fase da vida de forma plena. 

     "O problema da educação não é de forma alguma o que os educadores pensam que é. Acreditam que os alunos não querem mais o que eles têm a oferecer. Aos alunos vão querer forçar uma educação irrelevante e estes se defendem com distúrbios de atenção e com a desmotivação." Cláudio Naranjo.

   Propus para a segunda turma um diálogo. Como tínhamos combinado (eu, Xavier e a professora Isabela) de dividir a turma, solicitei que um grupo de alunos se dirigisse ao pátio para que tivéssemos um bate-papo em conjunto. Criança não sabe discernir o certo do errado se não tiver uma orientação. Tive o cuidado em ouví-las e fazê-las refletirem sobre o respeito para com os pais, com pessoas mais velhas, com os professores. Falei um pouco da cultura indígena com base nos dois textos usados no debate (PIBID/MUS), as respostas foram interessantes, bem dentro desse estereótipo em que o índio é tratado.  Acho que a escola tem que repensar alguns valores, desconstruir, reconstruir alguns conceitos. A escola tem que ter autonomia para conduzir os seus alunos a uma almejada liberdade porque é basicamente na escola que esse estereótipo é ensinado. É na escola que questões étnicas são trabalhadas de forma equivocadas.

     "A crise da educação não é uma crise entre as muitas crises que temos, uma vez que a educação é o cerne do problema. O mundo está em uma profunda crise porque não temos uma educação para a consciência. Nós temos uma educação de uma forma que está roubando as pessoas de sua consciênciaseu tempo e sua vida." Cláudio Naranjo

    Quando leio um texto como esse e reflito sobre a educação percebo que educar é ensinar a reproduzir. Reproduzir o pensamento de um autor, só que com outras palavras, reproduzir uma operação matemática, porque o resultado está lá, você só precisa encontrá-lo, reproduzir as notas musicais, tocando-as, a letra de uma música, cantando-a,... e isso me incomoda, muito! Acho que a criança precisa desenvolver a consciência sobre as coisas e da importância ou não que se deve dar a elas. O ideal de liberdade é para que a criança se torne um adulto consciente. Consciente de valores simples ou complexos, que perpassem desde um gesto de gratidão, um aperto de mão, um abraço, independente de classe social, credo religioso e da sua cultura. "A escola aprisiona o pensamento nessas categorias de certo, errado, bom e mau".  (D. Muduruku). Conscientes do respeito ao negro, ao branco, ao índio, ao pobre, ao rico, simplesmente porque somos humanos. Conscientes de respeito à vida acima de tudo e isso inclui a preservação consciente do nosso próprio habitat. É papel da família construir essa consciência. É papel da escola elevar essa consciência e é na vida em comunidade que esse reflexo é sentido.

  Falamos demais e agimos de menos. Será que estamos realmente preocupados com a melhoria na "educação" do ponto de vista de querer solucioná-la ou com o salário recheado no final do mês?

"Autores, estudiosos e afins, nunca saem de seu conforto para enfrentar uma sala de aula ou as agruras da sociedade. É fácil dar soluções para os problemas do "vizinho" deitado no sofá." Jane Brito.

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