Escola Municipal Padre José de Anchieta
Data: 19 de Outubro de 2017
Turmas: 1°, 2° e 5 º ano
Turno: Matutino
Coordenadora: Flávia Candusso
Supervisor: Isabela Rego
Bolsista: Carol Miranda
Turno: Matutino
Coordenadora: Flávia Candusso
Supervisor: Isabela Rego
Bolsista: Carol Miranda
Para o primeiro dia de observação, não estava tão nervosa quanto
imaginei. Cheguei à escola com muita chuva às 07h15min e já havia alguns alunos
à espera da abertura do portão. Fiquei aguardando a chegada da professora
Isabela. Durante os 00h15min restantes para tocar a sirene, a maioria dos
alunos brincam correndo, enquanto outros ficam sob a guarda das mães. O que me
chama à atenção, porque a participação de pais é mínima neste sentido.
Quando a sirene toca, começa a gritaria para fazer as filas das turmas,
é uma verdadeira bagunça, porque alguns correm com aquelas mochilas de roda,
outros se esbarram para tomar o primeiro lugar. Há também confusões entre
diferentes filas, uns chutam os outros, falam palavrões, até que a diretora se
apresenta e todos ficam em silêncio. Os responsáveis vão embora, enquanto os
alunos fazem uma oração para o início da aula. Cada professor leva a sua turma
para suas respectivas salas.
A primeira turma que acompanhei ao lado da professora Isabela foi o 1°
ano. Cerca de 20 alunos, muito receptivos e cheios de abraços para oferecer, lá
estava eu, rodeada de olhos curiosos e bocas que perguntavam a todo instante o
meu nome e se eu era professora de música também. A professora iniciou a aula
com uma atividade de integração para que todos falassem os seus nomes e eu
pudesse conhecê-los. A professora tocava violão e cantava uma música que não
guardei o nome, mas se dava por uma frase e no fim uma pergunta para o aluno
dizer o seu nome. Um dos alunos que se chama Anderson disse que era “Alexandre,
o gostosão”. Após todos falarem os nomes, ouvimos mais uma música, dessa vez na
caixa de som da escola. Percebi que a professora tem um notebook com o slogan
da prefeitura e neste notebook ela seleciona as músicas, conectando na caixa de
som. Achei ótimo e prático, apesar de algumas vezes alguém aparecer de outra
sala, pedindo para baixar um pouco.
Nesta música, os alunos andavam de acordo com o que a cantora pedia: -“Agora
vou andar pra trás”, “Vou andar que nem tartaruga”... E, de repente, todos
tinham que virar uma “estátua”. Então, a professora escolheu alguns alunos para
falar como queriam andar e Alexandre, muito serelepe disse que queria andar de
cabeça no chão. Foi uma bagunça e todos acabaram dando cambalhota na sala. Este
menino é uma figura elétrica e tem um astral nas alturas. Para acalmar os
ânimos, Isabela pediu que todos se fingissem de mortos e neste momento, escolheu
uma música mais lenta. Em seguida, todos colocaram as cadeiras nos lugares e
chegamos ao fim primeira aula com mais abraços de despedida.
A turma seguinte foi o 2° ano C, com mais de 20 alunos. Já existe uma
pessoa para dar assistência nesta sala. A professora explica que tem um aluno
especial. Dessa vez, eu me apresentei para eles como nova ajudante da
professora Isabela que estuda na Universidade e está aprendendo a ser
professora. Ela repete as duas músicas da aula anterior como atividade de
integração para que eu os conheça. Na primeira música, depois que eles dizem os
nomes, a professora pede para que eu tente relembrar os nomes e os que não
consigo lembrar, alguns alunos tentam me ajudar gesticulando a boca, outros
chegam até perto pra dizer no meu ouvido. Em seguida, coloca uma nova música.
Todos formam uma roda e a pessoa que fica no centro, escolhe alguém para formar
o rabo de uma cobra, onde os alunos passam por baixo das pernas uns dos outros
em uma fila dançante que circula a sala. Esse momento é muito divertido porque
muitos são maiores e para passar entre as pernas dos outros é a maior confusão.
No fim, o rabo da cobra dá certo e todo mundo se diverte. Mais uma vez, para
acalmar os ânimos, a professora coloca outra música, alguns deitam, outros
dançam sentados, apenas mexendo os braços e claro, tem aqueles que não ficam
quietos nem deitados e chutam os colegas. Após arrumar a sala, partimos para o
a terceira aula do dia que é o 5° ano e...
MEU DEUS DO CÉU! Eu ainda estou em choque com o que pude ver nesta sala. São basicamente 30 alunos. A minha primeira impressão é de uma turma IMPOSSÍVEL. Minha vontade era sair correndo de lá! Na verdade, Isabela já tinha avisado que era uma turma difícil quando subimos para a primeira aula, mas não imaginava o quanto! Quando chegamos, todos estavam sentados, quietos assistindo a aula anterior. Entramos na sala e a bagunça estava feita. Poucos se interessam pela aula de música e Isabela se dispõe a fazer a aula com estes, porque não tem como trancar a sala e impedir a saída dos outros. Então é um “entra e sai”, um “bate porta”, um “grita dali e de cá”... Ouvi vários resmungos de algumas alunas que não estavam a fim de fazer a atividade e não eram resmungos ditos “normais” de pessoas insatisfeitas, eram resmungos com nomes impróprios. O único momento que a sala fica em silêncio é quando a diretora percebe a agitação na escadaria e sobe para averiguar. Então, dá um sermão em todos. Perdemos praticamente 20min desta aula só ouvindo as reclamações da turma. O que me intriga é que a professora anterior consegue manter essa turma no padrão de uma sala de aula normal. Talvez eles tenham escolhido gostar dela e respeitá-la. Ainda não consegui entender o motivo da falta de respeito com a professora e a atitude mal educada dessa turma. Contudo, professora Isabela faz uma atividade de dança com bambolês no chão para que nas pausas de cada música, os alunos pulem para dentro do bambolê. A atividade acontece com os que estão presentes e dispostos. Em seguida, ela coloca algumas músicas de JAZZ que também ditam os ritmos. Desta vez, cada um segura um livro e entrega a outro aluno dançando no andamento da música que vai de quatro a sete tempos.
MEU DEUS DO CÉU! Eu ainda estou em choque com o que pude ver nesta sala. São basicamente 30 alunos. A minha primeira impressão é de uma turma IMPOSSÍVEL. Minha vontade era sair correndo de lá! Na verdade, Isabela já tinha avisado que era uma turma difícil quando subimos para a primeira aula, mas não imaginava o quanto! Quando chegamos, todos estavam sentados, quietos assistindo a aula anterior. Entramos na sala e a bagunça estava feita. Poucos se interessam pela aula de música e Isabela se dispõe a fazer a aula com estes, porque não tem como trancar a sala e impedir a saída dos outros. Então é um “entra e sai”, um “bate porta”, um “grita dali e de cá”... Ouvi vários resmungos de algumas alunas que não estavam a fim de fazer a atividade e não eram resmungos ditos “normais” de pessoas insatisfeitas, eram resmungos com nomes impróprios. O único momento que a sala fica em silêncio é quando a diretora percebe a agitação na escadaria e sobe para averiguar. Então, dá um sermão em todos. Perdemos praticamente 20min desta aula só ouvindo as reclamações da turma. O que me intriga é que a professora anterior consegue manter essa turma no padrão de uma sala de aula normal. Talvez eles tenham escolhido gostar dela e respeitá-la. Ainda não consegui entender o motivo da falta de respeito com a professora e a atitude mal educada dessa turma. Contudo, professora Isabela faz uma atividade de dança com bambolês no chão para que nas pausas de cada música, os alunos pulem para dentro do bambolê. A atividade acontece com os que estão presentes e dispostos. Em seguida, ela coloca algumas músicas de JAZZ que também ditam os ritmos. Desta vez, cada um segura um livro e entrega a outro aluno dançando no andamento da música que vai de quatro a sete tempos.
Eu estava sentada na primeira atividade, porque não tive coragem de
levantar. Confesso que fiquei assustada! Na segunda atividade, participei com
os poucos que estavam dispostos. Ao final da aula, Isabela também deu um sermão
na turma e falou do que vem acontecendo com a turma e a dificuldade que tem
para conseguir dar aula.
Depois dessa tempestade, fomos para uma sala minúscula no térreo.
Especificamente neste dia, só estavam presentes cinco alunos. É a sala de uma
turma do 2° ano também. Alguns alunos estavam fazendo prova, por faltarem no
dia anterior por conta da chuva.
Eu já estava cansada demais, minhas energias se esgotaram com tanta
confusão e barulho no 5° ano. A professora fez a atividade com as músicas de
JAZZ para passar o livro dançando no andamento da música. Como tinham poucos
alunos, a turma participou e se divertiu ouvindo e dançando de acordo com os
ritmos. Em seguida cantamos uma música de Toquinho e todos se deitaram também,
alguns dormiram até o fim da aula.
Bom, se alguém me perguntar se estou preparada para enfrentar alguma turma, posso afirmar com toda certeza que não. Talvez essas minhas primeiras impressões do 5° ano tenham me deixado um pouco apreensiva. Mas ao mesmo tempo, eu tenho pensado todo o tempo o que é preciso fazer para conquistar a confiança e despertar o interesse destes alunos para a aula de música. A professora me contou sobre os outros bolsistas que tem levado instrumentos e conseguido chamar a atenção deles. Isso é muito bom! Mas quando não tivermos instrumentos, o que precisamos mudar? O que vamos plantar em cada coração para que a música tenha sentido nas cabeças pensantes daquela sala? Por que tanta revolta? Por que tanta falta de amor e compreensão? Preciso descobrir nos próximos capítulos (risos). Aliás, não sei se "risos" ou se "choros"...
Até a próxima aula!
Beijos,
Carol Miranda.
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