Escola:
Almerinda Costa
Data: 12/05/2015
Bolsista: Jonatan
Silva de Oliveira
Ontem,
11 de Maio de 2015, foi o meu segundo dia de aula na Escola Almerinda Costa. Acordei
um pouco mais tarde por ter chegado muito cedo no meu primeiro dia, vesti a
minha novíssima, mega, giga, tera linda, camisa cinza do PIBID que a minha
prozinha Mara me deu (ô glória!) e fui amar.
Eu
já vinha a um tempo apresentando a proposta da dinâmica Êpo Etá-etá para o
professor Marcos de forma a inserir a cultura indígena na sala de aula,
conseguimos pensar em uma aula bacana para inserir a dinâmica inclusive fazendo
uma ligação com as músicas que estão sendo trabalhadas em sala com LIBRAS.
Sendo assim, fizemos em todas as turmas essa dinâmica, além de alongamento,
aquecimento vocal e prática com instrumento.
A dinâmica do Êpo Etá-etá
Primeiramente
é feita uma introdução para a história
onde fazemos todxs refletirem com as perguntas “alguém já ouviu falar
dos índio?”, “o que vocês ouviram?”, “que língua os índios falavam e falam
ainda hoje?” (nas respostas podem surgir o português, inglês, espanhol, entre
outras). Depois esclarecemos que existem várias línguas faladas pelos índios onde
uma delas é a Tupi. Assim iniciamos a história:
Antigamente
existiam quatro tribos que só andavam em guerra, todas falavam línguas
diferentes e não se entendiam bem. Foi quando os pajés das tribos se reuniram e
perceberam que o que provocava as guerras era a falta de entendimento que
tinham umas com as outras, assim resolveram criar códigos que fariam uma tribo
identificar a outra e reconhecer como vizinha: a 1ª tribo falava “Êpo” cruzando
os braços no peito, a 2ª tribo falava “Etá-etá” batendo duas vezes as mãos nas
coxas, a 3ª tribo falava “Ê” estalando os dedos, a 4ª tribo falava “Tuc-tuc” fechando
a mão em forma de um triangulo com o dedo polegar e os demais dedos unidos e encostando
de leve duas vezes na cabeça.
Quando
todxs pegarem os movimentos será cantada uma música que utilizará dos códigos
para funcionar:
Êpo,
Etá-etá Ê (2X)
Êpo,
Tuc-tuc (3X)
Ê...
A
história continua falando que aí as tribos conseguiram se comunicar melhor.
Logo
depois nós perguntamos se na sala já teve alguma atividade que a gente
utilizava dos gestos para falar, aí relembramos a música peixe Vivo cantada em
LIBRAS. Depois cada uma pessoa da sala tem que fazer um gesto que utiliza no dia-a-dia
para se comunicar sem precisar de muitas
palavras e que todo mundo tentasse descobrir o que era.
Desenvolvimento das aulas
No
5º ano, apesar das dificuldades de se conseguir atenção, a turma participou
bastante da aula, foi bem animado, todxs pareceram compreender a história,
gostaram da dinâmica e conseguimos concluir sem problemas.
No
4º foi um pouco mais complicado de conseguir fazer a dinâmica, a turma estava
realmente muito dispersa, as crianças não paravam de fazer brincadeiras, piadas
e conversas paralelas, ainda na história. Não consegui perceber a história
sendo entendida pela maioria, já que pouco eu era ouvido, resolvi tomar a
atitude de não fazer a dinâmica e parar pra conversar sobre a postura da turma,
foi quando o professor Marcos fez uma intervenção trazendo um momento de calma
ao pedir à turma agitada para fechar os olhos e apreciar músicas tocadas por
ele na flauta doce, esse foi o momento de silêncio do início ao fim, minto, não
havia silêncio total porque algumas crianças acompanhavam a flauta cantando as
músicas mais conhecidas, momento em que percebi muitas crianças cantando relativamente
afinadas. Após esse momento de calma resolvemos continuar a dinâmica, o que
fizemos aos troncos e barrancos, repercutindo positivamente, no meu ver.
No
3º ano tem poucos alunos, mais ou menos 7, onde há apenas uma menina na turma.
Houve bastante participação de três alunos, porém tinham três que não paravam quietos
e um que não falava nada e nem participava. O menino que mais participa da
turma é um pouco criticado pelos que ficam dispersando. Na turma ocorreram
algumas, no meu ver, reproduções de machismo de parte de alguns dos meninos com
a única menina da turma, brincando de apertar o pescoço dela colocando-a em
posições de inferioridade, simulando bater na cara dela com a mão e com o chinelo,
puxando o cabelo dela, tocando-a excessivamente o corpo. A reação dela é em
tudo sorrir, deixar as brincadeiras acontecerem sem qualquer problema. Eu vejo
isso como um problema gravíssimo, talvez até tenhamos que fazer intervenções de
gênero de diversidade em sala ao longo do ano, discutindo o papel da mulher na
sociedade contemporânea, a força feminina, quem sabe fazendo alguma
apresentação colocando-a para fazer o papel de uma mulher poderosa, forte, fora
do estereótipo feminino de submissão, fragilidade. Devido a muita dispersão e uma
chamada de briga na mão o professor Marcos resolveu tocar a flauta doce, o que
surtiu efeito novamente, com interação vocal dos alunos, assim como na turma anterior. Nessa turma os
meninos ficam inquietos pedindo pra tocar instrumentos de percussão, sendo assim, nessa aula
resolvemos liberar a percussão na condição de não bagunçarem assim podendo
escolher o instrumento desejável, quando fomos distribuir os instrumentos o
pandeiro, o instrumento mais requisitado, foi dado para as pessoas que mais se
comportaram, o que causou uma revolta de um dos meninos que estava dispersando
a aula, ele brigou, tomou várias vezes o pandeiro da mão da menina, não queria
pegar mais instrumento algum, gritou, fez bico, expliquei o porquê dele não ficar
com o pandeiro e pedi para que se comportasse na próxima aula que teria o
pandeiro, ele fez que não quisesse ouvir. Mesmo com isso continuamos a prática
com instrumentos sem a participação dele, por vontade. No final , em particular,
cheguei a propor ao professor que trabalhássemos com mais percussão nessa
turma, mas que encontrássemos uma forma de utilizar o mesmo instrumento para
todxs. Nessa turma eu percebo que a ideia de aula de música é interpretada como
somente oficina de instrumento, dando-se uma supervalorização, em alguns
momentos, à ideia de tocar o instrumento. Pergunto-me e pergunto-te: diante
disso, e agora, José...e Maria?
No
1º ano e G5 fizemos as atividades mais infantis, que são muito divertidas,
alegres e animadoras, mas senti a falta das professoras que normalmente
acompanham as crianças dessa turma, tanto pela interação, participação delas,
quanto pela atenção das crianças que é maior, o que acabou por nos desgastar
mais na última aula do dia por tentar manter as crianças no lugar. A dinâmica
do Êpo Etá-etá foi muito difícil de ser trabalhada nessa turma, pela
dificuldade natural dos menorzinhos de pegar os movimentos. Na turma tinham
três crianças da turma anterior que estavam lá porque estavam sem uma
professora do horário e elas tinham que esperar os responsáveis para pega-los,
mas essas três crianças dispersaram bastante.
Esse
dia foi bem cansativo comparado ao primeiro, talvez porque eu tenha tomado mais
frente de algumas atividades, o que significa mais gasto de energia, mas foi
bem prazeroso porque eu pensei bastante a educação, observei bastante
personalidades de turmas e de indivíduos, o que volta os nossos pensamentos
para a ideia de partir do saber e da realidade do próximo e não de um método
pronto, esse é o desafio, o olhar que a pró Mara falou em resposta ao meu
primeiro texto, o olhar que todxs nós temos que despertar, o olhar e se ver, se
enxergar... eu te vejo, minha(meu) irmã(o), e te agradeço...
Axé!
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