Escola Municipal Almerinda Costa
Jonatan S. de Oliveira
5 de Agosto de 2015
No dia 5 de Agosto de 2015 fui para Almerinda Costa para mais
um dia de acompanhamento das aulas do Professor de Música Marcus Welby. Nesse
dia demos continuidade aos trabalhos de capoeira na escola e dessa vez seria
com as turmas 4º ano e 5º ano. Quando eu e o professor vínhamos chegando na
sala destinada à música dois meninos do 3º ano vieram gritando e empurrando eu
e o professor, pegando nos instrumentos, desrespeitando a nossa presença, fato
esse que levou o Marcus a chamar o coordenador.
A primeira turma a chegar foi o 5º. A turma ficou bastante
atenta a história sobre a capoeira, aí o professor Marcus propôs um exercício
de perguntas e respostas sobre o que a turma vinha aprendendo no diálogo. Pelo
curto tempo, só conseguimos apresentar os instrumentos e depois fizemos as
perguntas, onde a turma anotava e respondia para que no final fosse corrigido.
A turma ficou com muita dificuldade em acompanhar as perguntas feitas com a
escrita, mas tiveram bom desempenho nas respostas, mostrando o quanto estavam
buscando comprometimento com o assunto. Eu notei que a turma se dispersava bem
menos em aula de escrever do que nas aulas mais dinâmicas, o que parece natural
pela repercussão interativa natural que aulas dinâmicas dão, mas não vou mentir
que isso me deixou com uma “pulga atrás da orelha”.
A segunda turma foi o 4º ano. A sala estava bastante cheia e
o pessoal animado. Iniciamos a falar sobre a história do povo negro e chegamos
a pegar um globo terrestre para mostrar a África, porém a turma realmente não
estava colaborando. Então tivemos que pular temporariamente essa etapa para ir
direto para as perguntas e respostas, o que deixou muita gente chateada com
as/os colegas que não paravam quietos. No momento da cópia dos exercícios a
turma ficou bem atenta, também com dificuldade na escrita, mas buscando
escrever e responder tudo. No momento das perguntas e respostas a gente foi ao
mesmo tempo que respondendo contando as histórias que faltavam, ou seja,
mudamos as ordens dos fatores mas seguimos com o programado. Ao final, com
tempo ainda de aula, decidimos fazer a parte mais musical, foi quando algumas
brincadeiras com a palavra macumba surgiram, o que me fez parar a aula para explicar
o que é macumba, que devemos respeitar a diversidade cultural. Enquanto a parte
de toques ia acontecendo teve um menino que não parava quieto, tive que chamar
a atenção dele algumas vezes e inclusive pedi para o professor tirar ele da
sala porque ele estava desrespeitando muito as/os colegas e a mim e o
professor, o menino pediu desculpas e
pediu mais uma chance, o professor Marcus deu mais uma chance. Nessa mais uma
chance ele ficou mais atento e respeitoso, mas mesmo assim fazia uma bagunça
ali e aqui, mas aí chegou um momento extremo: ele levantou e foi passando na
frente da colega e pisou no pé dela, ela descontou, aí uma pequena discussão
aconteceu entre os dois e aí ele, em busca de ofende-la, a chamou de “nega do
bozó”, uma expressão racista, na mesma hora eu abri o olho e seriamente olhando
para ele perguntei “o quê?”, “você tem noção do que você acabou de falar?”,
nesse momento comentei pra toda sala a gravidade daquilo que ele havia falado e
pedi licença para o professor Marcus para leva-lo pra diretoria. Antes de
leva-lo, conversei no corredor com ele sobre o que ele havia dito, falei a
realidade da sociedade e o preconceito racial que há, ele ficou bem
arrependido, parece que compreendeu a gravidade da palavra racista. Levei ele
para a diretoria e o coordenador recebeu ele e também conversou bastante sobre
a prática racista na sociedade. Foi um momento muito importante, no meu ver,
percebi que quando tomei aquela atitude muita gente da turma percebeu que as
nossas ações na sociedade são muito sérias, que o povo negro tem muito valor e
merece muito respeito. Retornando pra
sala o professor Marcus continuava a aula de instrumentos de capoeira e percebi
que essa turma foi a que mais desenvolveu na maioria dos instrumentos,
inclusive têm duas pessoas da turma que fazem capoeira, o que facilitou
bastante a troca de saberes.
No fim o professor Marcus comentou comigo que achou a aula
muito proveitosa, o que coincidiu com a minha opinião.
Foi um dia muito cansativo, mas muito bom por estar lidando
com mais esse desafio da docência.
Axé!
Jonatan, atitudes e racismo como esta não podem passar em branco, o professor deve intervir imediatamente, como você o fez. Recomendo que vocês leiam o livro Superando o Racismo na Escola. É uma publicação do MEC e está disponível em:
ResponderExcluirhttp://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/racismo_escola.pdf