Escola Municipal Padre José de Anchieta
Bolsista: Síndney Borges de Oliveira
Data: 13.08.2015
Bolsista: Síndney Borges de Oliveira
Data: 13.08.2015
Estou lendo um livro que fala sobre “o ensino da
música na escola fundamental”, é exatamente esse o título, de Alícia Maria
Loureiro. O livro fala sobre o ensino da música ao longo dos séculos, sim, dos
séculos, porque há registros da sua implantação por meio
da catequização dos índios. O ensino da música
foi uma forma de intromissão cultural, uma tática civilizatória para um povo
tido como “selvagem”. Ao longo da leitura passei a refletir sobre o poder da música
e de como ela foi usada ao longo do tempo como forma de educar, mas também de
manipular, aculturar um povo. O ensino musical sempre esteve presente no Brasil.
Uma vez colonizado por europeus, a influência da música européia foi o marco
para o ensino da música e em alguns períodos associada à categoria das classes
dominantes, da elite brasileira. Durante muito tempo pouca importância se deu (do ponto de vista positivo) às culturas africanas e indígenas que também faziam partes da nossa vivência cultural e constituíam
a nossa cultura. Muito provavelmente se entendessemos a nossa cultura, tal como
ela é, o ensino da música das culturas africanas e indígenas não encontrariam tantas resistências, diminuindo assim o preconceito. As nossas relações sociais se constituiriam de
forma mais harmoniosa e igualitária.
Minha vivência escolar me faz enxergar que
a resistência dos alunos em aprender o ensino da música é equivalente à resistência
ao ensino do inglês, por exemplo, tendo por base o discurso de uma professora. Seria como
impor uma cultura da qual eles não fazem parte, Daí a resistência. Confesso que
já fui questionado por um aluno sobre a importância do ensino da música na
escola. Embora as possíveis respostas estejam ligadas à parte cognitiva, não dei
uma resposta passível de entendimento porque tem o lado da satisfação pessoal.
Para se aprender algo você precisa estar disposto a aprendê-lo. E eu não
consigo sentir isso da maioria dos alunos. Também não gostaria de pensar no
ensino da música como um meio, porque se eu ensino a música para o
desenvolvimento de outras habilidades como a matemática, a física, por exemplo,
eu acabo por reforçar um pensamento erróneo sobre o ensino musical, mas que é
alimentado por muitos teóricos da educação.
O livro não apresenta uma fórmula de como se ensinar música na escola
fundamental, mas nos norteia quanto à sua importância, fazendo uma forte crítica
às formas de ensino de música nas escolas, que muita das vezes é confundido com
o ensino de canções para apresentações em datas comemorativas do calendário
escolar e que acabam por enfraquecer a categoria. Tenho visto isso na prática.
“o
ensino da música como disciplina inserida no currículo da escola apresenta-se
hoje como uma área de conhecimento em que a diversidade de funções e a
variedade de abordagens impedem a construção de uma prática educativa democrática,
abrangente, formativa”. (A. M. Loureiro,
pg 24.)
A música é uma ciência, tão
complexa como a matemática, a astronomia, a física,... e deve ser entendida
como tal, principalmente pelo corpo que administra as escolas. Entender todo esse processo histórico nos ajuda a compreender como se dá o ensino da música
na contemporaneidade. Se existe um conteúdo programático para as disciplinas
tradicionais, porque para o ensino musical não há essa prática democrática,
como a autora cita no livro? Às vezes ao propor uma atividade para os alunos sinto que não há retorno por conta de uma deficiência reflexiva sobre o que se propõe, ou seja, falta base!
A autora cita também alguns
autores que inovaram o ensino musical, como Dalcroze, Martenot, Kódaly (pg 53)
que atribuíram atividades lúdicas no ensino da música. A música que interage
com o corpo, com o espaço, com esses corpos no tempo e no espaço. Na minha
vivência e experiência na escola, tenho percebido que as atividades práticas
propostas têm permitido uma maior participação e assimilação dos conteúdos
musicais. Acho interessante por provocar a interação dos alunos de maneira respeitosa, fazendo com que eles percebam o espaço, o seu espaço, o espaço do
outro, aprendendo a se relacionarem socialmente. Mas!
Nesse laboratório musical sinto que ainda há muito a se fazer.
De repente algo inusitado acontece. De origem comportamental. Como lidar?
Quem pensa que assuntos ligados à condição sexual é tema para discussão entre adolescentes e adultos está enganado. Mas como tratar com crianças, temáticas tão movidas à preconceitos, como a questão da homossexualidade? Pior! Como se assumir homossexual tão precocemente?
Essa experiência eu presenciei com a turma do 5º ano e confesso que o que me causou certa perplexidade não foi a confissão em si, mas o fato de não saber reagir àquela situação.
A intolerância social. Vamos discutir esse assunto?????
De repente algo inusitado acontece. De origem comportamental. Como lidar?
Quem pensa que assuntos ligados à condição sexual é tema para discussão entre adolescentes e adultos está enganado. Mas como tratar com crianças, temáticas tão movidas à preconceitos, como a questão da homossexualidade? Pior! Como se assumir homossexual tão precocemente?
Essa experiência eu presenciei com a turma do 5º ano e confesso que o que me causou certa perplexidade não foi a confissão em si, mas o fato de não saber reagir àquela situação.
A intolerância social. Vamos discutir esse assunto?????
Sindney, gosto muito dos seus relatos reflexivos. Penso que muitas vezes essa "resistência" dos alunos se dá por conta da distância entre as práticas musicais deles fora da escola e a aula de música. Na maioria das vezes são universos completamente diferentes. Concordando com Charlot, “aprender faz sentido por referência à história do sujeito, às suas expectativas, às suas referências, à sua concepção de vida, às suas relações com os outros, à imagem que tem de si e à que quer dar de si aos outros.” (Charlot, 2000, p. 72)
ResponderExcluirRecomendo o artigo da Jusamara Souza "Educação musical e práticas sociais". Está na revista da ABEM n.10 de 2004. Vou enviar para o seu email. Se alguém mais quiser, pode ser baixado no site da Abem.
Muito obrigado professora. ;) Lerei sim!
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